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14/06/2016

11 - A DANÇA DOS OLHOS DELA


São os olhos dela
Que estão no meu braço como relógio, como meu pulso
No meu peito, sem piscar, numa torrente de água caindo alto
Na minha boca, entre dentes e saliva e fabricando beijos e palavras
Sob meus pés, como meu chão
Sob meu teto, sem limites, sempre sendo mais alto do que o possível

À tardezinha, são os olhos dela que se põem
Cotidianamente, dando sentido a uma rotina sem cor e que agora é saboreada como passos firmes para o encontro dos olhos dela.

Quando durmo, agora alguém vem me cobrir com os olhos dela
São os olhos dela que quebram o relógio que disse
E colocam outro ritmo no lugar do tempo
São os olhos dela que ameaçam com as maiores dores, caso haja uma lágrima dorida por um gesto atabalhoado

E dizem que a angústia se torna uma dança quando há os olhos dela.

Os olhos dela são um manual de saber que nada funciona sem os olhos dela.