São os olhos dela
Que estão no meu braço como relógio, como meu pulso
No meu peito, sem piscar, numa torrente de água caindo alto
Na minha boca, entre dentes e saliva e fabricando beijos e palavras
Sob meus pés, como meu chão
Sob meu teto, sem limites, sempre sendo mais alto do que o possível
À tardezinha, são os olhos dela que se põem
Cotidianamente, dando sentido a uma rotina sem cor e que agora é saboreada como passos firmes para o encontro dos olhos dela.
Quando durmo, agora alguém vem me cobrir com os olhos dela
São os olhos dela que quebram o relógio que disse
E colocam outro ritmo no lugar do tempo
São os olhos dela que ameaçam com as maiores dores, caso haja uma lágrima dorida por um gesto atabalhoado
E dizem que a angústia se torna uma dança quando há os olhos dela.
Os olhos dela são um manual de saber que nada funciona sem os olhos dela.