De sua casa de embalagens que incomoda a noite
Se a flor for sorriso, alguém toma
Quando a hora for precisa, alguém enxota
Não pode sair sem aviso, que perde o catre
Não pode levar o troço, que perde o passo
Carrega consigo tudo que acumula
Da vida que expulsa e ninguém embala
Já olhou a cor dos olhos do morador de rua?
Já quis estar longe do vizinho que a você não se
iguala?
Pois talvez o mendigo seja a crua
Realidade sua, sem uma mão que ampara
É um estágio sem espelhos e perfume.
Fiquem sujos e se distingam da gente limpa!
Que sua forma seja antes a de estrume
Do que a do real próximo que me deprime
Morador de rua é sacrifício de alguém sem nada
Homo
sacer dos tempos de agora
É preciso nomear a aversão do dia
Tocar sílaba a sílaba a A-PO-RO-FO-BIA
Acolhendo na rotina esta dura palavra.