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10/08/2022

36 - COSTURA


É impressionante como venho vestindo com justeza as roupas de meu falecido pai.

 

A gravata fora de moda e estrita

 

As calças que ajustam os passos

 

As camisas com desenvoltura nos punhos.

Tenho apertado mais mãos depois de sua morte.

 

Às vezes me surpreendo ocupando seu vulto.

 

O tempo e a saudade vem cozendo um modelo fino de ausência.

 

A memória frouxa vem apertando cada medida minha que não se amolda.

 

Pai, de quem são estas mãos?