Sou
de Belo Horizonte
E
deslizo sobre estas ruas a maior parte de meus dias.
É
sobre elas que disfarço algumas frustrações
Fingindo-me
apenas um carro em movimento
Como
aquele que passa, com mesma gana e cor e modelo diverso
Como
aquele que só pensa em artes cênicas e não vê a entrada do túnel
Como
aquele que repousa a mente numa melodia horrível
Como aquela moto que entrega e se entrega num risco caríssimo
Com
uma ideologia que o consome, como uma cegueira
Como
aquele carro amarelo que não está à venda
Estamos
aqui por baixo e dentro da mesma intenção de ligação
A
cidade busca com dureza fazer uma rede macia
Que
mastiga de alguma forma a fama de Cidade Jardim
Fazemos
todos estes blocos para o encontro
E
a vontade do muro hoje infelizmente se sobrepõe
Ao
ponto de não sorrirmos para o fim do túnel
Como
se não fosse apenas possível